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19 de maio de 2009

No ar, o terceiro número da poliTICs

Publicação da Nupef/Rits - Núcleo de Pesquisa, Estudos e Formação da Rits, sob a batuta de Graciela Selaimen, a poliTICs vem reunindo, periodicamente, olhares de diferentes atores, de diferentes áreas de conhecimento e experiência _ sociedade civil, academia e governos _ sempre numa linguagem acessível, alinhada com a meta de democratizar os conhecimentos sobre os temas abordados.

Este terceiro número tem como fio condutor o consenso crescente de que a alavancagem das TICs para o desenvolvimento humano passa por iniciativas de inclusão digital nos municípios. Ao envolver vários grupos de interesse e procurar servir tanto às necessidades de inclusão social da sociedade como à administração governamental, as estratégias de redes municipais requerem planejamento complexo. como demonstra Fabio Josgrilberg, com maestria.

Outro artigo que merece especial atenção é o de autoria de Michael Stanton, José Luiz Ribeiro Filho e Vanessa Macedo, tratando da implantação das redes comunitárias de educação e pesquisa (REDECOMEPs), no âmbito da RNP (Rede Nacional de Ensino e Pesquisa), DNA da internet brasileira que, em setembro deste ano, comemora 20 anos.

Parte importante do trabalho da RNP ao longo destes 20 amos foi buscar a otimização dos recursos de interconexão e transporte de dados nas principais cidades brasileiras, envolvendo governos estaduais e locais, a comunidade acadêmica e outras instituições e projetos relevantes. Quinze anos atrás, os pontos de presença da rede foram pioneiros no provimento de acesso comercial à Internet, depois que a publicação Portarias 147 e 148, de 31 de maio de 1995, e da famosa nota conjunta do Ministério das Comunicações e da Ciência e Tecnologia definindo a natureza do serviço Internet, acabaram com o sonho da Embratel de monopolizar o serviço.

Por fim, recomendo leitura atenta também ao artigo de Marcelo Thompso sobre os riscos da privatização dos sistemas de certificação, por conta dos vários aspectos jurídicos suscitados pelos movimentos de “digitalização” da cidadania, como a adoção do novo documento nacional de identidade, a partir deste ano.

Na prática, o RIC (Registro Único de Identidade Civil, descrito no vídeo abaixo), pretende usar cerificação digital na criação de uma carteira de identidade semelhante aos cartões de banco, com um chip contendo informações biométricas armazenadas em um banco de dados identificarão os brasileiros através de um número único, como o Social Security americano. A ideia é associar a esse banco, dados básicos, como nome, data de nascimento, filiação, sexo, entre outros.

A intenção é a de que o RIC substitua o RG convencional, mas não somente isso. Substitua também vários documentos como carteira de motorista, CPF, título de eleitor e carteira de habilitação.



Boa leitura!

28 de março de 2009

Hoje é Dia da Inclusão Digital. E não há o que comemorar

Hoje, último sábado de março, diversos municípios brasileiros celebram o Dia da Inclusão Digital. E, este ano, em especial, o Brasil não tem muito a comemorar.

Divulgado na quinta-feira, 26/03, pelo Fórum Econômico Mundial, o ranking de implantação de tecnologias de informação e comunicação (TIC) no mundo é implacável conosco. O Brasil aparece na 59ª posição. A mesma do ano passado. O problema é que desde 2005, quando caiu seis posições e passou a ocupar 52ª, a situação do Brasil só tem piorado. Antes, em 2003, quando o relatório analisava apenas 82 países, chegamos a ficar na 29ª colocação.

Para piorar, a pesquisa TIC Domicílios 2008, divulgada também esta semana pelo Comitê Gestor da Internet, atesta que os telecentros, abertos em profusão pelo poder público a partir de 2003 para fomentar o acesso à Internet, caminharam na contramão dos pontos de acesso públicos (as lan houses), que não param de crescer. Em 2007, os telecentros foram responsáveis por 6% dos acessos no país, com crescimento de 100% em relação a 2006. Mas em 2008 este número caiu pela metade e ficou em 3%, contra 48% das lan houses.

Claro. Tudo é relativo. Os números não podem ser olhados fora de contexto. É preciso levar em conta que existem hoje pouco mais de 6 mil telecentros em funcionamento no Brasil, segundo dados fornecidos pelo Secretário de Logística e TI do Ministério da Fazenda, Rogério Santanna. Já as lan houses passam de 90 mil, segundo a a ABCID (Associação Brasileira de Centros de Inclusão Digital).

Na prática, a imensa maioria (83%) das Lan houses vive na informalidade, à mercê da atuação das mais diversas forças sociais, boas e más; das tentativas de cartelização do custo do acesso; do alto custo das licenças de software, que leva à pirataria e entraves aos processos de legalização de suas atividades; e por aí vai...

E se diferenciam dos telecentros por não terem regras tão rígidas de uso. Com seus acertos e erros, em muitas localidades elas se transformaram na única fonte barata e acessível de acesso à Internet.

Por isso, mesmo não sendo 'bem-vistas' por boa parte dos gestores da Internet nacional, as lan houses começam a chamar a atenção. Já há quem, dentro dos governos, federal e estaduais, admita que é hora de rever a posição com relação a elas.

É o caso do próprio Rogério Santanna. "Temos que repensar e refletir. Elas precisam ser incluídas na política pública de inclusão digital. Não podemos mais vê-las com um olhar de criminalização", disse ele aos jornalistas, durante a divulgação da pesquisa do Comitê Gestor.

É o caso também de Paulo Markun, presidente da Fundação e Cláudio Prado, coordenador do Laboratório Brasileiro de Cultura Digital e autor, na gestão Gilberto Gil no Ministério da Cultura, do projeto Pontos de Cultura. Ambos defendem a transformação das lan houses na quarta onda da inclusão digital.

"A 1ª onda foi “informática para os excluídos - senão você não vai ser ninguém na vida“. A 2ª onda foram os Telecentros da cidade de São Paulo, onde já não se falava de informática, mas sim de Internet com Banda Larga e Software Livre. (...) A 3a geração, a da Cultura Digital, deriva da compreensão de que para o uso pleno das possibilidades interativas da Internet, é necessário existir um espaço multimídia e não só computadores", explica Cláudio Prado em artigo publicado na internet e em peças publicitárias do projeto Conexão Cultura, da Fundação Padre Anchieta, que apoia.

Confira o vídeo da palestra de Paulo Markun na Campus Party (feita pela IPTV da Cultura), em que ele divulga a pesquisa feita pela fundção sobre a atuação das lan houses e apresenta o projeto Conexaão Cultura, que a partir deste mês começa a ceder conteúdos qualificados _ cursos profissionalizantes, serviços governamentais, conteúdo de apoio escolar, vários deles produzidos pela própria TV Cultura _ para lan houses conveniadas.


Se vai dar certo, só o tempo dirá. Ao menos é uma iniciativa, consistente, de tentar mudar a situação.

É hora também de repensarmos os telecentros. E o uso que os programas de e-gov possam fazer de aparelhos celulares, verdadeiros vetores de inclusão social e digital do brasileiro. Depois da TV e do Rádio, o celular é objeto mais presente nos lares do país seja na área urbana e rural, sendo que nesta última - apesar de problemas de infraestrutura e de falta de cobertura - os celulares já chegam a 62% da população.

Quem sabe, no ano que vem, voltamos a ter a chance de nos orgulharmos de ver o país galgar posições no ranking de implantação de tecnologias de informação e comunicação do Fórum Econômico Mundial.

Quem sabe...

22 de janeiro de 2009

Campus Party Brasil 2009 e a Inclusão Digital





Acontece desde segunda-feira, 19 de janeiro, em São Paulo, a Campus Party Brasil 2009. A Campus Party é considerado, hoje, um dos eventos de maior importância no que diz respeito à inovação tecnológica e entretenimento eletrônico em rede do mundo. É um encontro anual realizado desde 1997, o primeiro foi na Espanha. Durante sete dias, milhares de participantes, com seus próprios computadores, procedentes de diversos países, reúnem-se com a finalidade de compartilhar curiosidades, trocar experiências e realizar todo tipo de atividades relacionadas a tecnologia, a cultura digital e ao entretenimento em rede. Infelizmente não me programei para ir, pois o assunto que nos interessa lá é Inclusão Digital e Mobilização Social.

Para essa área do evento, foram montados os seguintes coletivos: telecentros, metareciclagem, lan houses, GT de cultura digital dos pontos de cultura e web rádio indígena. É uma proposta interessante porque mobiliza ONGs, grupos étnicos, representantes do governo federal, grupos de cultura, empreendedores, associações e comunitários, por exemplo.

Foram realizados, dentro da área de Inclusão Digital, os Encontros de Telecentros, que tiveram os temas: Inclusão Digital, Afeto e Artes de Fazer; Apresentação do Portal Tela Brasil, importante ferramenta de divulgação do cinema brasileiro e de educação gratuita que, através do cinema, busca democratizar o conhecimento e despertar uma postura mais curiosa, criativa e humana nos usuários do site; Políticas Públicas e Inclusão Digital: apresentação de programas e ações do plano nacional de inclusão digital – com Ana Carina Andrade (Ministério do Planejamento), Elisa Peixoto e Rossana Moura (Territórios Digitais - MDA).

Das palestras, destaque para:

Educação, interatividade, redes de aprendizagem e ensino à distância (EAD). Fala sobre como as novas tecnologias podem auxiliar na educação formal e informal e como tais experiências de Ensino à Distância são importantes para a criação de redes de aprendizagem. Os debatedores foram Profª. Cristina Moreira (Projeto Casa Brasil e UNB), Marcelo Marques (4Linux/Hacker teen) e Sônia Bertocchi (EducaRede).

“Inclusão Digital e Mobilização Social” com ênfase à dinâmica da comunicação com o uso das TICs (tecnologias da Informação e Comunicação) e sua influência nas decisões políticas e na formação da opinião pública. Os debatedores foram Rogério da Costa (consultor da GTE como mediador), Fábio Lima (Estadão e Rádio Eldorado) e Lobão (cantor e compositor).

Como faço parte de uma rede do Terceiro Setor, me chama a atenção esses dois momentos do evento, pois Inclusão Digital é Inclusão Social. Ainda há pessoas em nosso país que não sabem ler, por exemplo, mas que através do acesso aos telecentros e máquinas, são incentivadas a aprender, e aprendem. Parece um paradoxo o cidadão não saber ler nem escrever, mas saber trabalhar num computador. Por isso, acho interessante o trabalho realizado pela Rede COEP na região do Semi-Árido brasileiro. Locais onde não há telefones públicos, locais onde não há escolas, mas que a parceria entre a comunidade, as organizações e as pessoas promovem, de fato, e ao mesmo tempo, a inclusão social através da inclusão digital. As crianças fazem pesquisas escolares pelas páginas da internet. Os comunitários, entram na página da COEPTeVê (webtv da Rede COEP) e obtém informações preventivas nos programas do Canal Saúde da FIOCRUZ e conseguem evitar epidemias de dengue, por exemplo. Produtores de algodão, pela internet, conseguem saber qual o preço do seu produto para evitar desvantagens ao vender sua produção. Não é incrível isso?

Portanto, sinto uma pena não ter ido ao evento, mas fico muito satisfeita que esse tipo de discussão esteja ocorrendo. Significa que estamos evoluindo não só pela tecnologia e para a tecnologia, mas pelas e para as pessoas.

O evento vai até o dia 25 de janeiro e está instalado no Centro Imigrante, em uma área de 38.000m2.



Através da Campus TV é possível assistir as palestras ao vivo.


Acesse o site e conheça toda a programação: http://www.campus-party.com.br/


Por Nelida Capela