Carlos Minuano
22 de Setembro de 2008
Projeto quer debater com jovens geração de recursos, política e conceitos como economia solidáriaIgual a tantos outros de sua turma, Paula de Lima, 18, gostaria de mudar a realidade à sua volta, mas faltam condições e recursos. A estudante é uma entre os milhares de moradores do subúrbio ferroviário de Salvador (BA), que fica na parte mais pobre e violenta do estado. A região, no lado ocidental da capital baiana, ao longo da Baía de Todos os Santos, é composta por 19 bairros onde vivem aproximadamente 300 mil habitantes. Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que a renda per capita no subúrbio soteropolitano é abaixo de dois salários mínimos. A oferta de vagas no ensino fundamental, menor que a demanda; o índice de mortalidade infantil, maior que o de toda a cidade. O alto número de desempregados completa o quadro de exclusão. “Faltam infra-estrutura urbana, serviços de saúde, educação, segurança pública e, o principal, oportunidade de crescimento”, lamenta a jovem Paula, moradora do bairro de Paripi.Oferecer as condições e os recursos para reduzir esse quadro de carências é o objetivo de um programa que utiliza tecnologias de comunicação para estimular a criação de agentes de desenvolvimento local.Iniciativa da ONG Cipó, que há nove anos trabalha com projetos de educação aliados a ferramentas de comunicação em comunidades carentes e escolas públicas de Salvador, o Agentes de Comunicação para o Desenvolvimento foi idealizado há quase dois anos. Mas só foi colocado em prática em agosto deste ano, com patrocínio do Citibank e apoio da Casa Brasil, que entra com estruturas compostas por telecentros e laboratórios multimidia.Visão social A intenção, entretanto, não é formar técnicos. “Queremos que os jovens localizem os problemas mais urgentes em suas comunidades e articulem ações para resolvê-los, usando a comunicação, por meio de um blog, uma webradio, um jornal comunitário”, explica a coordenadora do programa, Juliana Lima. Foram selecionados 30 jovens de baixa-renda, entre 18 e 21 anos, do subúrbio ferroviário de Salvador, com interesse em trabalhos com a comunidade. A jovem Paula foi uma das escolhidas. Durante os dois anos que dura o projeto, vai receber um auxílio para transporte de R$ 120,00.Os futuros agentes vão receber uma capacitação específica, para trabalhar com ferramentas de comunicação como fotografia, rádio, entre outras. No segundo ano do programa, terão de desenvolver ações nas comunidades, de forma simples e econômica. Será oferecida uma bolsa para apoiar as implementações das propostas, no valor de R$ 1.900,00. Paula já tem planos. “Quero mostrar à comunidade o seu valor, muitas vezes ignorado pela sociedade e até pelos próprios cidadãos”, conclui.
Nenhum comentário:
Postar um comentário