19 de novembro de 2008

FIB ao invés do PIB - um conceito básico. Chegaremos lá?
















(Foto de Lynsey Addario para a National Geographic)

Recebi há um mês a Época Negócios nº 21, referente a novembro de 2008, mas com o evento COEP 15 Anos, só ontem, no ônibus, indo para o trabalho, pude abrir e ler. Não terminei ontem a leitura, afinal, são muitas informações, preciso filtrá-las. Hoje, no mesmo caminho, lendo, filtrando. Lia um pedaço do texto do George Soros sobre a crise mundial. Estava quase cortando os pulsos... quando abri algo sensacional: uma matéria na página 190, lá quase no final da revista, naquele pedaço que todo mundo desistiu de chegar, pois leitor tem dessas coisas, vocês sabem...

Na página "Inspiração", veio me chamando como um mantra, o título sugestivo : Mente Aberta, Sugestões para uma viagem interior, por Susan Andrews (coordenadora da Ecovila Parque Ecológico Visão do Futuro), FIB, Felicidade Interna Bruta. O que isso significa? me perguntei. FIB - Felicidade Interna Bruta, um indicador de progresso que mede não a produção e o consumo, mas o bem estar da população. Mas o índice tem endereço: o Butão, país localizado entre a Índia e a China.

Com a contribuição do Wikipedia: Felicidade Interna Bruta (FIB) ou Gross National Happiness (GNH) é um conceito de desenvolvimento social criado em contrapartida ao Produto Interno Bruto (PIB). O termo foi cunhado pelo rei do Butão Jigme Singye Wangchuck em 1972 em resposta a críticas que diziam que a economia do seu país crescia miseravelmente. Essa declaração assinalou seu compromisso de construir uma economia adaptada à cultura do país, baseada nos valores espirituais budistas. Assim como diversos valores morais, o conceito de Felicidade Interna Bruta é mais facilmente entendido a partir de comparações e exemplos que definido especificamente. Enquanto os modelos tradicionais de desenvolvimento primam pelo crescimento econômico como objetivo primordial, o conceito de FIB se baseia no princípio de que o verdadeiro desenvolvimento de uma sociedade humana se dá quando o desenvolvimento espiritual e o material acontecem lado a lado, complementando e reforçando um ao outro. Os quatro pilares da FIB são a promoção de desenvolvimento sócio-econômico sustentável e igualitário, a preservação e a promoção de valores culturais, a conservação do meio-ambiente natural e o estabelecimento de boa governança.

Fui pesquisar e compartilho com vocês alguns links, para que vocês tenham o prazer de pesquisar mais, se assim desejarem. Eu entrei no nirvana com essa história toda. No trabalho, distribuí cópias do texto. Vamos fazer cada um a sua parte para que as gerações futuras possam chegar lá.

Links:
(não deixe de ler a matéria abaixo)

PIB ou FIB?
Susan Andrews / Revista Época. A autora é psicóloga e monja iogue. Autora do livro Stress a Seu Favor, ela coordena a ecovila Parque Ecológico Visão Futuro e escreve quinzenalmente na revista Época.
(Por Revista Digtal - PóloRS)

Visualize um reino de deslumbrantes cumes nevados, com leopardos e iaques vagando pelas montanhas. Com vastas florestas intocadas, onde o contentamento é mais valorizado que o comércio, e um sábio rei que declara que a felicidade de seus súditos é mais importante que a produção econômica. Um conto de fadas? Um sonho da imaginação? Um reino virtual no Second Life? Nada disso. Estou falando de um lugar real, com pessoas verdadeiras – o reino do Butão, no Himalaia. O Butão tem capturado a atenção mundial por sua inovadora mensuração da FIB (Felicidade Interna Bruta), em vez de PIB (Produto Interno Bruto). Por décadas, o PIB, índice de progresso que soma todas as transações econômicas de uma nação, tem sido criticado, mais recentemente numa conferência da Comissão Européia, em Bruxelas. O PIB não somente falha em contabilizar os custos ambientais, mas também inclui formas de crescimento econômico que são prejudiciais ao bem-estar da sociedade. Por exemplo, despesas com atendimento médico, crime, divórcio e até desastres como o Katrina são computadas como um aumento do PIB! A FIB vai um passo além. Ela situa a felicidade como o pivô do desenvolvimento. Desde a época de Aristóteles, e indo até a Declaração da Independência dos Estados Unidos, muitas sociedades consideraram a busca da felicidade um direito fundamental de todos os cidadãos. E agora, em pleno século XXI, o rei do Butão, Jigme Singye Wangchuk – uma das cem pessoas mais influentes do mundo, segundo a lista da revista Time –, disse que a FIB é o alicerce de todas as políticas de desenvolvimento do governo. Fui convidada para participar da 3a Conferência Internacional sobre Felicidade Interna Bruta em Bangcoc, Tailândia. Numerosos palestrantes enfatizaram que, enquanto o PIB se baseou na crença de que a acumulação da produção econômica leva a um maior bem-estar, as pesquisas mostram que, após certo nível de renda, o aumento da riqueza não conduz a um correspondente aumento da felicidade. Imagine um reino onde a felicidade dos súditos é mais importante que a produção econômica. Um conto de fadas? “O acelerado crescimento da Ásia nas últimas décadas alcançou o impressionante índice de 10% ao ano”, disse Surin Pitsuwan, ex-ministro do Exterior da Tailândia. “Mas será que estamos mais felizes que antes, com nossa renda aumentando cada vez mais rápido? Muitos dizem que não.” De fato, quando olhei a minha volta em Bangcoc, os graciosos pináculos dos templos tailandeses, com suas douradas telhas cintilando ao sol, foram obscurecidos pelos colossais shopping centers que parecem gigantescas espaçonaves. “Nós aqui do sudeste da Ásia”, afirmou Pitsuwan, “apesar dos nossos milhões de rúpias, de ringgits e de bahts, nos sentimos mais inseguros com relação a nossa vida, a nossa família, a nosso futuro do que jamais sentimos antes.” O Butão proveu uma alternativa. Os delegados butaneses na conferência atraíram a atenção não apenas por suas distintas túnicas bordadas, mas também por sua aura de júbilo interno. As decisões políticas nesse país, de acordo com Dasho Karma Ura, diretor para o Centro de Estudos do Butão, são tomadas a partir dos indicadores da FIB, que são os seguintes: padrão de vida, saúde, educação, resiliência ecológica, bem-estar psicológico, diversidade cultural, uso equilibrado do tempo, boa governança e vitalidade comunitária. “A renda não é buscada pelo seu bem em si, mas para aumentar a qualidade de vida, para obter a felicidade”, diz ele. “Felicidade baseada na ética, em cultivar relacionamentos entre as pessoas e com a natureza. E também uma felicidade interior baseada na espiritualidade.” Num mundo de aceleradas rupturas ecológicas, sociais e psicológicas, talvez os butaneses, com sua sabedoria dos Himalaias, tenham algo a nos ensinar. Que possamos alcançar a prosperidade em harmonia com o planeta sem perder a verdadeira fonte da felicidade: nossas conexões uns com os outros, com a Terra e com o espírito dentro de nós.
Depoimentos :
“Entre os economistas tem havido por muito tempo uma forte convicção que o PIB não é uma boa métrica. Não mede as mudanças em bem-estar. Se os líderes estão tentando maximizar o PIB, e o PIB não é uma boa métrica, estamos maximizando a coisa errada” “As medidas padrão do PIB não medem a degradação do meio-ambiente, o esgotamento dos recursos naturais e nem o agudo declínio na qualidade de vida dos cidadãos. Acho que em todos os lados do espectro político há o reconhecimento dessas deficiências, e a convicção que é importante desenvolver melhores métricas, independentemente se você estiver à esquerda ou à direita”.
-Joseph Stiglitz , economista prêmio Nobel requisitado pelo presidente francês Nicolas Sarkozy para desenvolver um novo sistema de cálculo econômico incluindo fatores de qualidade de vida.
“Uma vez que as Metas de Desenvolvimento do Milênio quanto à saúde, educação, proteção ambiental etc., sejam atendidas em um determinado número países na data limite de 2015, necessitaremos de um novo conceito para ser discutido. O FIB pode ser a versão futura das Metas de Desenvolvimento do Milênio – considerando o bem-estar psicológico, a manutenção do equilíbrio na vida. Essas são coisas que serão mais importantes na próxima década”.
- Bakhodir Burkhanov , um dos diretores do Programa de Desenvolvimento das Nações Unidas (PNUD) no Butão, ao explicar que a ONU está apoiando essa pesquisa e o desenvolvimento do FIB no Butão e no mundo.
“O Butão tem praticado aquilo que outros países precisam cumprir. Precisamos estender o conceito de Produto Interno Bruto para Felicidade Interna Bruta. Nós, do Banco Mundial, estamos aprendendo muito com o Butão”.
- Graeme Wheeler, Diretor Gerente do Banco Mundial.

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