26 de fevereiro de 2009

O VIRTUAL NO CARNAVAL


Achei o tema apropriado para o momento. A quem interessar, segue o link da íntegra: http://www.brasileirinho.mus.br/artigos/virtualcarnaval.htm

"O Carnaval de hoje é apresentado como virtual ao ser pensado e programado na indústria do software. Qualquer escola de samba hoje programa o seu Carnaval de forma a apresentar um espetáculo atual, virtual, legal e real. Sabe-se que o virtual não é só imaginação porque produz efeito. Como sabemos este efeito é a manifestação magistral da cibercultura no cotidiano da vida, este fenômeno técnico encontra-se em movimentos sociais e culturais, muito bem retratados no livro Cibercultura, de Pierre Lévy (2003). Existe movimento social e cultural maior e mais expressivo que o Carnaval, onde a massa popular está sempre exigindo novos sentidos, vivendo um mundo de ilusão e fantasia em busca de satisfação e realização? No desfile há a busca de um objeto de fantasia para se realizar. Aqueles que não desfilam, a massa observadora, é que vai julgar e eleger o melhor ou o pior, assim sendo a massa observadora fica em silêncio e isso força a produção de sentido. Jean Baudrillard em A sombra das maiorias Silenciosas, diz à p. 33 que:
"O pensamento crítico julga e escolhe, produz diferenças, e é pela seleção que ele vigia o sentido. As massas, elas não escolhem, não produzem diferenças, mas indiferenciação - elas mantêm a fascinação do meio, que preferem à exigência crítica da mensagem. Pois a fascinação não depende do sentido, ela é proporcional à insatisfação com o sentido."
Já a imaginação não tem eficácia, principalmente dentro da área cognitiva, explica Pierre Lévy em As Tecnologias da Inteligência (1997). Para ele, "somente desta forma seremos capazes de desenvolver estas novas tecnologias dentro de uma perspectiva humanista, assim incorporando o técnico ao dia a dia."
Pierre Lévy diz ainda em O que é o Virtual? (p. 38) que:
"O aparecimento da escrita acelerou um processo de artificialização, de exteriorização e de virtualização da memória que certamente começou com a hominização. (...) Uma tecnologia intelectual, quase sempre, exterioriza, objetiva, virtualiza uma função cognitiva, uma atividade mental. Assim fazendo, reorganiza a economia ou a ecologia intelectual em seu conjunto e modifica em troca a função cognitiva que ela supostamente deveria apenas auxiliar ou reforçar".
Acontece assim: projeta-se uma simulação, realizando-a a seguir. O Carnaval da escola é projetado, desde o seu tema, com seu enredo e tudo o que tem direito, as alegorias, fantasias, tudo, primeiramente na tela do computador. O virtual no Carnaval é utilizado como instrumento para transportar a imaginação destinada a um acontecimento. O Carnaval no virtual acontece numa dimensão que não existe, mas que se constitui como poder criativo.
Em seguida Lévy (p. 41) diz que:
"O computador é, portanto, antes de tudo um operador de potencialização de informação. Dito de outro modo: a partir de um estoque de dados iniciais, de um modelo ou de um metatexto, um programa pode calcular um número indefinido de diferentes manifestações visíveis, audíveis e tangíveis, em função da situação em curso ou da demanda de usuários. Na verdade é somente na tela, ou em outros dispositivos interativos, que o leitor encontra a nova plasticidade do texto ou da imagem, uma vez que, como já disse, o texto em papel (ou o filme em película) forçosamente já está realizado por completo. A tela informática é uma nova máquina de ler, o lugar onde uma reserva de informação possível vem se realizar por seleção, aqui e agora, para um leitor particular. Toda leitura em computador é uma edição, uma montagem singular" .

Um comentário:

Nelida Capela disse...

O assunto dá pano para a manga, Rita. "O virtual no Carnaval é utilizado como instrumento para transportar a imaginação destinada a um acontecimento. O Carnaval no virtual acontece numa dimensão que não existe, mas que se constitui como poder criativo." - como está escrito, o virtual concede ao indivíduo o poder da imaginação, a criatividade. Pode haver liberdade maior? Nos dias de hoje, mobilizamos para dar qualidade de vida e mobilizamos para o indivíduo ser cidadão e se expressar...pela cultura. As ferramentas virtuais mostram-se eficientes.O que seria de muitas comunidades se não houvesse os telecentros, a EAD ? É isso aí.