14 de março de 2009

Livro sobre eucaliptos e a preservação ambiental no Brasil

Originalmente apresentada como dissertação do autor (Mestrado – Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo, 2004), neste trabalho, o autor tenta resgatar a memória histórica, documental e científica de Edmundo Navarro de Andrade, cientista contratado pela Companhia Paulista de Estradas de Ferro do Estado de São Paulo, em 1904, para encontrar a espécie florestal que mais bem se prestaria ao fornecimento de carvão para as locomotivas e madeira para os dormentes das ferrovias. Navarro começou seu trabalho em Jundiaí, onde organizou o primeiro dos dezoito hortos que fundaria para a Companhia. Suas pesquisas, comparando várias espécies nativas e exóticas, mostraram que as diversas espécies de Eucalyptus seriam a melhor opção tanto para o fornecimento de carvão e dormentes quanto para o reflorestamento das porções de floresta nativa que haviam desaparecido. Entre as obras de Navarro, merecem destaque o Museu do Eucalipto, o único do gênero no mundo, que registra em detalhes todo o trabalho desenvolvido pelo cientista, e o Herbário, que guarda preciosidades, como, por exemplo, a coleção de exsicatas, trazidas da Austrália, presente de Joseph Henry Maiden. Os testemunhos documentais dos 37 anos nos quais Navarro foi diretor do Serviço Florestal da Companhia Paulista estão em sua antiga sede, no Horto Florestal de Rio Claro, onde ele desenvolveu suas experiências de melhoramentos genéticos e entomologia e escreveu diversos livros sobre esses assuntos. Em 1941, ano da morte de Navarro, quase 100 milhões de árvores de Eucalyptus de 75 espécies diferentes estavam se desenvolvendo nas plantações dos hortos florestais ao longo da ferrovia. Apesar das muitas críticas que recebeu dos denominados nacionalistas, que diziam ser o eucalipto extremamente prejudicial ao solo, Navarro pode ser considerado o único conservacionista bem sucedido de sua época.
Sobre o tema da obra

Edmundo Navarro de Andrade (São Paulo, 02/01/1881 - 01/12/1941). Estudou na Escola Nacional de Agricultura de Coimbra (Portugal), onde se diplomou em 1903. De regresso ao Brasil, foi encarregado pela Companhia Paulista de Estradas de Ferro para organizar o seu primeiro horto florestal, em Jundiaí. Ocupou vários cargos públicos na área agrícola, participando de muitas comissões de estudo no exterior em missão dos governos Federal e de São Paulo, e também da Companhia Paulista de Estradas de Ferro, tendo percorrido, em longas viagens, grande parte do mundo. Publicou vários títulos, a maioria deles sobre a cultura do eucalipto. Como cientista, Navarro não foi simplesmente um colecionador de coisas: ao criar o Horto Florestal, organizar o Museu do Eucalipto, o Herbário e o Arboreto, deixou-nos um verdadeiro centro cultural no mundo da silvicultura que precisa ser preservado. O trabalho feito por Navarro não visava lucros imediatos. Era um investimento para o futuro.
Sobre o autor do livro:
Augusto Jeronimo Martini possui graduação em Geografia pelo Instituto de Geociências e Ciências Exatas da Unesp de Rio Claro, e mestrado em História Social pela USP. Atualmente é doutorando em História Social pela USP. Neste trabalho, o autor tenta resgatar a memória histórica, documental e científica de Edmundo Navarro de Andrade, cientista contratado pela Companhia Paulista de Estradas de Ferro do Estado de São Paulo, em 1904, para encontrar a espécie florestal que mais bem se prestaria ao fornecimento de carvão para as locomotivas e madeira para os dormentes das ferrovias. Atualmente, a Floresta Estadual Edmundo Navarro de Andrade possui a maior variedade de espécies de eucalipto do Brasil, o que a torna referência no cultivo e pesquisa da planta e a faz conhecida como “berço do eucalipto”.


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