31 de março de 2009

O poder da Mobilização


A mobilização social, quando bem feita, bem organizada, bem acompanhada, tem o poder de transformar realidades. Leia, abaixo, o texto do diretor da campanha eleitoral que elegeu Barack Obama, presidente dos EUA.


Líder da campanha de Obama acha difícil repetir estratégia

O diretor da campanha eleitoral do atual presidente dos Estados Unidos, David Plouffe, afirmou nesta segunda-feira que o modelo seguido nos EUA é difícil de ser reproduzido em outros países do mundo e na Europa, "mas é importante que se tente".Plouffe disse durante uma conferência em Lisboa que a internet e a tecnologia tornam possível a reprodução de um modelo deste tipo."Alguém vai fazê-lo muito melhor do que nós", destacou, sem nunca deixar de dizer que cada ato eleitoral é um caso diferente.Plouffe foi diretor da campanha eleitoral de Barack Obama e um dos principais responsáveis pela sua vitória.O seu papel foi preponderante e, poucos meses após as eleições de novembro de 2008, assinou um contrato milionário para a publicação de um livro no próximo outono.A editora é a Viking, pertencente ao Penguin Group, e o livro terá como título: "The Audacity to Win: The Inside Story and Lessons of Barack Obama's Historic Victory".


Afastamento

Na conferência, Plouffe afirmou que a estratégia eleitoral seguida nos EUA por Obama teve em conta o fato de as pessoas estarem afastadas da política."Barak Obama achava que havia um ambiente cínico - nos tradicionais centros de exercício do poder - e que as pessoas estavam afastadas da política, pelo que quis envolver o máximo número de pessoas", acrescentou.A estratégia eleitoral de Plouffe passou pela aposta na criação de um "Building Grassrots Movement", isto é, um movimento em rede a partir das comunidades de base e do voluntariado jovem ligado a sites e à tecnologia."Pela primeira vez na história de uma campanha eleitoral nos EUA foram feitos diversos rally aos diversos Estados, organizados pelo movimento de comunidades", explicou.Segundo ele, a questão da escala, da presença do voluntariado na campanha eleitoral e as redes sociais que envolveram milhares de pessoas foram uma novidade e um elemento-chave no sucesso da eleição de Obama."Havia uma certa descrença na política e nos políticos tradicionais. Eram muito mais importantes as conversas com os vizinhos - através das comunidades - pois, em média, cada voluntário falava com 20 a 25 pessoas”, frisou.Durante a campanha chegamos a uma rede de 30 milhões de correios eletrônicos e US$ 40 milhões foram doados em dinheiro pelos voluntários."Tivemos um grande apoio dos jovens e aposentados que nunca aceitaram dinheiro de lobbies, e dos ativistas que se inscreveram em grande número", afirmou.


Jovens

Aliás, contra as calúnias políticas ou ataques de caráter "a melhor arma era recorrer às pessoas".A campanha provou que é preciso acreditar nos jovens, e é por esta razão que "Obama é hoje presidente"."Até crianças do ensino secundário participaram na campanha eleitoral", disse Plouffe, adiantando que "o Grassrots" - rede comunitária de base - serviu para espalhar "a mesma mensagem" em todos os Estados. E, em relação às diferentes circunstâncias políticas, uma vez que veicula-los na imprensa seria mais díficil.John McCain e Hillary Clinton privilegiaram a televisão e a mídia tradicional, que nos EUA são cada vez menos importantes, enquanto que Obama apostou no movimento 'Grassrots' que eram "os olhos e os nossos ouvidos"."Uma outra lição que tiramos foi a de que Washington era conhecida como um local [político] tóxico, que estava a desencantar as pessoas e que a força estava nas comunidades", afirmou."Utilizamos, assim, uma comunicação de igual para igual, valorizando as pessoas, motivando-as e colocando-as sob alguma pressão, sendo capazes de responder a tudo", concluiu o marqueteiro político.


Fonte: LUSA - Agência de Notícias de Portugal S.A.

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