24 de março de 2009

O uso da Bicicleta - Zé Lobo do Transporte Ativo

Pessoal segue o bate-papo com o Zé Lobo, da ONG Transporte Ativo.

Esse tema o uso da bicicleta é vasto e instigante. Ainda é possível discutir muito, principalmente agora que estamos a véspera do movimento A Hora do Planeta(vou postar na sexta).

Conforme comentário da Nélida Capela no post anterior sobre a bicicleta ainda há muita dificuldade para o uso da bicicleta como meio de transporte, mas vamos ver o que está sendo feito com o trabalho da Tansporte Ativo.

1.Como é a atuação do Transporte Ativo no Rio?
Zé Lobo: A Transporte Ativo, procura preencher uma lacuna deixada no Planejamento Cicloviário da cidade, Educação , Sensibilização e Conscientização sobre e para o uso da bicicleta como meio de transporte. Procuramos fazer isso em todas as áreas realizando palestras e cursos em universidades, escolas, empresas, eventos, sempre levando informação atual e fazemos também algumas atividades de "rua" sempre buscando sensibilizar e conscientizar. Atuamos também diretamente com a administração da cidade, levando as necessidades dos ciclistas sempre sugerindo soluções, realizando palestras, cursos, enviando material relevante. Também buscamos qualificar todos os projetos públicos ou privados que envolvam o uso das bicicletas. Projetos de qualidade sempre têm um resultado melhor ma promoção ao uso das bicicletas.
Nosso objetivo principal é promover o uso das bicicletas, suas qualidades seus benefícios, para o individuo, a cidade e o planeta, para que a cada dia mais pessoas utilizem mais bicicletas.
Segue link para o blog Transporte Ativo que dá uma visão melhor:
http://blog.ta.org.br/


2.Como você vê a questão do ciclista/segurança no Rio?
Zé Lobo: Segurança viária ou segurança pessoal?
Quanto à segurança pessoal, não resta dúvida de que a bicicleta é muito mais segura que o automóvel.
A segurança viária já foi pior, mas pode melhorar muito. De 1994 para 2004 o número de ciclistas na região metropolitana do Rio aumentou três vezes, pulou de 210 mil viagens dia para 600mil só em viagens casa trabalho, hoje este número já deve ter dobrado, a presença de ciclistas nas ruas gera segurança, pois esta se torna um elemento mais esperado e não uma surpresa. Mas o desrespeito é ainda é muito grande, por desconhecimento das regras e porque nosso trânsito é muito violento. Mas tudo isso pode ser solucionado principalmente com educação e conscientização sobre o trânsito como um todo, para todos. Quando o trânsito for mais seguro, será também para as bicicletas. Hoje é possível circular com bastante segurança, mas deve- se ter conhecimento de algumas regras e seguir certa conduta.

3.O que está sendo feito para mudar essa realidade?
Zé Lobo:
As administrações públicas já começam a fazer alguma coisa, mas tem o foco muito direcionado para a infraestrutura enquanto a educação e sensibilização ficam em segundo plano. Os governos federais, estaduais e municipais têm legislado para a bicicleta, mas a fiscalização tem sido omissa ou inexistente. As ONGs do setor e a Transporte Ativo tem feito o oposto, dando prioridade a sensibilização de ciclistas, cidadãos, técnicos em transporte e autoridades sobre o tema.
É um longo caminho, mas o assunto bicicleta tem tido cada vez mais destaque e andado cada vez mais rápido.

4. A bicicleta é pouco vista como um meio de transporte sustentável, ainda é forte a imagem de lazer e esporte. O que está sendo feito para mudar essa imagem?
Zé Lobo: As Américas do sul e do norte são os continentes onde esta visão é realmente muito forte, mas isto já está mudando. Muitos grupos de ciclistas voltados para o transporte começam a surgir em todas as Américas e os governos também, começam a adotar medidas para esta mudança. Porém é preciso introduzir ainda a cultura do uso da bicicleta como meio de transporte e como qualquer mudança, principalmente quando envolve mudança de hábitos, sofre certa resistência no início.

5. Achei interessante o Projeto Pedala Rio, mas me pareceu um tanto elitista. Por ser preciso de computador, celular e cartão de crédito para o uso das bicicletas. O que você vê de vantagem e desvantagem nessa campanha.
Zé Lobo: Sim, é elitista, porém todos os sistemas de bicicletas públicas de 3ª geração exigem cadastros virtuais, cartões de crédito e ou celulares, em países do terceiro mundo existem apenas as experiências do Rio e Santiago no Chile, recentes e ainda em fase de adaptações. Aqui n Rio o preço já caiu muito e esta sendo estudado um sistema para utilização direta de cartões de crédito nas futuras estações.
As vantagens são muitas, com apenas um cadastro e um pacote de tarifa escolhido você pode percorrer a cidade indefinidamente, de graça, por 30 minutos, os minutos excedentes são tarifados, desfrutando de todos os benefícios da bicicleta sem preocupação com locais para estacionar ou manutenção.Outra grande vantagem e a integração das bicicletas públicas com o Metrô o que torna viagens longas dentro da cidade simples rápidas e limpas.
A única desvantagem que vejo é o sistema não abranger toda a cidade.
Veja aqui um vídeo de como utilizar o sistema:



6.Eu li num site ONG Roda da Paz que o governo federal vai subsidiar a venda de bicicletas. Será uma espécie de consórcio e as bicicletas serão entregues pelo correio. Você tem conhecimento desse projeto. Caso positivo, como você avalia essa iniciativa.
Zé Lobo: Ouvi falar apenas por alto deste projeto. Parece-me uma iniciativa muito boa. Hoje é fácil conseguir um financiamento para carros, mas para bicicletas não existem facilidades para a compra. Um consórcio com entrega pelo correio seria realmente algo maravilhoso, tornaria a bicicleta ainda mais popular e ao alcance de quase todos.

7.Você gostaria de acrescentar mais alguma coisa?
Zé Lobo: Vá de bicicleta! Experimente você também. Comece por uma pequena voltinha e ao ir se familiarizando naturalmente à distância percorrida irá aumentando e sua qualidade de vida também.

Para quem não leu os posts anteriores aqui estão os links:
http://tecnologiaemobilizacaosocial.blogspot.com/2009/03/bicicleta.html

http://tecnologiaemobilizacaosocial.blogspot.com/2009/03/o-uso-da-bicicleta-no-brasilcontinuacao.html

Obrigada Zé Lob, Arturo Alcorta e João Paulo Amaral. Tenho certeza que o trabalho está sendo feito com correção e visando um objetivo prático e real para melhorar as condições de transporte, por meio da bicicleta.


Ande de bicicleta e participe do TMS!

2 comentários:

Guilherme Selles disse...

Vou apresentar minhas experiencias como ciclista no Novo e no Velho Mundo. Concordo com o entrevistado quando ele afirma que bicicleta é algo mais associado ao lazer e esporte nas Américas. Nao existe estrutura para ciclistas nas cidades brasileiras - falta de ciclovia a bicicletário. Além disso, nossas cidades sao muito grandes e desordenadas, dificil e perigoso ser ciclista. problema é que isso condiciona uma cultura tb irresponsável no ciclista brasileiro, que circula na contra-mao, nas calçadas, nao respeita o pedestre e outros. Aqui na Europa, pelo menos em Dublin, existe um melhor entendimento de bicicletas como meio de transporte. As ciclovias estao marcadas nas ruas principais,mas isso nao impede a circulaçao fora delas. No entanto, tudo é feito de modo organizado e responsável. Aqui o ciclista só pode circular pela rua (como foi dificil se adaptar a mao inglesa). Durante a noite é obrigatório o uso de um colete reflexivo e luzes traseiras e dianteiras na bicicleta. As bicicletas devem respeitar o sinal de transito, parando na luz vermelha para o pedestre atravessar. Em caso de desrespeito dessas normas o ciclista pode ate mesmo levar uma multa. O escrtorio da Google daqui oferece premio em dinheiro para o funcionario que for trabalhar de bicicleta. EU adotei a bike aqui também, como já fazia no Rio e em Niterói. Era isso!! Abraço ao TMS e parabéns pelo blog.

Patricia Canarim disse...

oi Guilherme, obrigada pelo seu comentário, por comparilhar esse conhecimento.

De fato, no Brasil, ainda temos muito que desenvolver para termos a bicicleta como meio de transporte, e principlamente a educação no trânsito, e aí não cito apenas os motoristas de automóveis, mas também a educação para ciclistas e pedestres. Como disse Arturo Alcorta é necessário toda uma reestruturação do sistema de transporte que considere todos os participantes como pedestres, deficientes físicos e ciclistas. Mas, felizmente, já saímos do ponto zero.